Por: Jornalista Kelven Andrade
Uma grave denúncia foi feita pela agente de regulação Lays de Almeida, mãe de uma criança de 2 anos autista, que foi dopada com zolpidem, um potente medicamento para dormir, enquanto estava em uma creche municipal em Cosmos, na zona oeste do Rio de Janeiro. O incidente causou alarme após a criança ser levada desacordada ao Hospital Municipal Rocha Faria, onde exames toxicológicos confirmaram a presença da substância.
Lays relatou que, ao buscar seu filho na creche, notou imediatamente um comportamento anormal. O menino estava excessivamente sonolento, descoordenado e mal conseguia andar ou segurar a mamadeira. “Ele estava cambaleante, desorientado, como se estivesse dopado”, descreveu a mãe. Em estado de choque, Lays gravou vídeos que demonstram a dificuldade do menino em se manter em pé e a perda de controle motor. Em busca de ajuda, ela levou o filho às pressas para o hospital, onde ele chegou desacordado.
No hospital, os médicos confirmaram as suspeitas de Lays. Após uma avaliação inicial, um dos médicos decidiu administrar uma medicação antagonista para reverter os possíveis efeitos de sedativos. “O médico disse que meu filho estava visivelmente dopado e que faria um tratamento para reverter qualquer substância que pudesse ter sido administrada,” relatou Lays. Gradualmente, a criança começou a responder ao tratamento e recuperou a consciência. O médico deixou claro que, apesar de não identificar de imediato o medicamento, era evidente que o menino havia ingerido alguma substância sedativa.
A gravidade da situação foi corroborada pelo exame toxicológico que revelou a presença de 0,18 miligramas de zolpidem no organismo da criança. O zolpidem é um medicamento de uso restrito para adultos, indicado para tratar insônia, e sua administração em crianças é fortemente contraindicada. Segundo o neurologista pediátrico Mauro Reis, “não é comum nem adequado o uso de zolpidem em crianças para tratar qualquer condição, incluindo sonolência.” Ele ressaltou que o controle de sua prescrição e venda foi recentemente endurecido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O episódio ocorreu na creche que a criança frequenta desde fevereiro. Após o incidente, os pais decidiram transferir o menino para outra unidade de ensino e registraram a denúncia no conselho tutelar em Santa Cruz, também na zona oeste do Rio. O pai da criança, o segurança Luiz Felipe dos Santos, expressou sua indignação e pediu justiça. “O que fizeram com meu filho foi uma tentativa de homicídio. Administrar esse tipo de medicação é inaceitável. Não quero só a exoneração dos responsáveis, quero que sejam presos.”
A Secretaria Municipal de Educação informou que já instaurou uma sindicância para investigar o caso. Além disso, a Polícia Civil está conduzindo uma investigação para apurar as circunstâncias e os responsáveis pela administração do medicamento à criança. A situação gerou um amplo debate sobre a segurança nas creches municipais e a necessidade de medidas rigorosas para proteger a saúde e o bem-estar das crianças sob seus cuidados.
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